Dia das Mães: Dona Ivone é exemplo de força e perseverança na luta pela
libertação do filho
O Povo News/Bárbara Martau
Desde que seu filho foi preso, em julho de 2009, que o Dia das Mães
passou a ser um momento de tristeza para dona Ivone Sousa Silva. “Desde o dia
que soube que ele estava preso mudou tudo na minha vida. Acabou a felicidade e
alegria que eu tinha de viver. Não tenho vontade nem de fazer as coisas
simples como ver uma novela, um jornal, escutar uma música”, afirma dona Ivone,
de 75 anos, moradora de Porto Seguro.
Agora o Dia das Mães viu sinônimo de tristeza e saudade para ela. “Em
datas como Dias das Mães, Natal, Ano Novo, aniversário, eu não faço mais nada,
eu sofro muito, penso muito no meu filho, choro e oro muito por ele. Imploro a
Jesus que no próximo Dia das Mães o meu filho esteja conosco”, revela a mãe de
Alexandre de Sousa Silva, de 46 anos, que cumpre pena de 11 anos na Inglaterra,
acusado de tráfico de drogas e conspiração para o tráfico.
Ao contar o que sentiu ao receber a notícia que mudaria a sua vida, ela
diz que pensou ser algum engano da política britânica. Mas como toda mãe que
ama e conhece seus filhos, em nenhum momento ela duvidou da inocência de
Alexandre. “Jamais pensei que meu filho tivesse feito algo errado. Porque eu
conheço o meu filho, sei o caráter dele, sei a pessoa que ele é”, destaca.
Reflexos na saúde física e financeira
A devastadora notícia da prisão de Alexandre também contribuiu para a
piora da saúde de dona Ivone, principalmente as doenças de fundo emocional,
como as úlceras nas pernas que praticamente a impedem de andar. As condições
financeiras da família também sofreram um duro revés, já que Alexandre
costumava mandar dinheiro para ajudar nas despesas. “A gente recebia uma boa
ajuda. Ele mandava dinheiro para pagamento do convênio médico, para ter uma
alimentação e uma vida melhor, porque o dinheiro da minha filha só não era
suficiente, e a pousada que eu mantinha não rendia nada”, relata.
Sem o reforço mensal enviado pelo filho, dona Ivone foi obrigada a
cancelar o convênio médico e mal tinha dinheiro para comprar os remédios. Mas
com a força que ela demonstrou ter durante toda a vida para criar sozinha os
dois filhos, além da filha adotiva, dona Ivone tenta superar mais esse momento
difícil, pois sabe que é preciso estar bem para receber o filho quando ele foi
solto. “Não gosto de pensar no que meu filho passou e está passando para não
sofrer muito, porque quanto mais eu sofro mais as pernas pioram. E eu quero
estar viva quando meu filho sair da prisão”, afirma ela, conhecida em Porto
Seguro pelas ações solidárias em prol das crianças carentes.
Ida à Inglaterra
Em abril de 2011, dona Ivone esteve na Inglaterra para visitar o filho,
depois de mais de dois anos sem vê-lo pessoalmente. E ali ela mostrou mais uma
vez a força que as mães costumam adquirir quando se trata de seus filhos. Aos
74 anos, caminhando com auxílio de bengala e sem falar inglês, ela enfrentou
dificuldades logo na chegada Inglaterra, quando teve de esperar mais de 3 horas
no serviço de imigração, em uma cadeira de rodas, sem receber sequer um copo
d’água e sem acesso a banheiro.
Instalada em Londres, viajava três horas para visitar Alexandre na
prisão onde ele estava detido, em Nottingham, Norte da Inglaterra. Pegava
quatro trens e mais um táxi para chegar lá, e após a visita, que durava no
máximo três horas, enfrentava outras longas horas para voltar a Londres.
Isso tudo sozinha e sem falar inglês, o que lhe rendeu alguns momentos
de sufoco – quando se perdeu em uma das estações ou quando não conseguiu
desembarcar a tempo e teve que descer na estação seguinte, desperdiçando
preciosas horas do restrito tempo de visita.
Durante a estada na Inglaterra, dona Ivone pode passar o Dia das Mães
com o filho, já que na Inglaterra a data é comemorada no quarto domingo da
Quaresma. Na ocaisão, ela recebeu de presente um urso de pelúcia feito pelo
próprio Alexandre. Ela também acompanhou a audiência na Corte judicial em que
foi estipulada a quantia do confisco (espécie de multa) a ser pago por
Alexandre ao governo britânico.
Alexandre se fortalece com carinho recebido da mãe
A força e o carinho de dona Ivone, que nunca desacreditou do filho,
servem como importante suporte emocional para Alexandre, que tem na mãe um
exemplo de superação. “Minha mãe foi um exemplo de força, de perseverança, de
amor e de força que eu preciso ter para superar tudo isso que estou passando.
Ela é a minha inspiração”, afirma. “Graças a Deus eu tenho a mãe que tenho e,
com fé, no próximo Dia das Mães estarei com ela”, ressalta.
Ele lembra os piores momentos e diz que tem na mãe um motivo para se
manter firme. “Passei por maus momentos no início. Ficava horas olhando para o
vazio e pensando se não estava tendo um pesadelo, porque não acreditava que
estava em uma prisão. Hoje em dia estou mais conformado, e o que me seguro é
minha fé em Deus e o exemplo de minha mãe. Ela é um exemplo de força, de
perseverança, por isso eu não posso deixar a peteca cair”, revela.
Alexandre aproveita para mandar um recado às mães e filhos. “A todas as
mães que têm seus filhos passando por algum momento difícil ou em situação parecida
com a minha, não percam a esperança. E aos filhos, que deem valor a suas mães,
que são a coisa mais preciosa que tem nesse mundo.”
Transferência de prisão
Em março, o porto-segurense Alexandre de Sousa Silva foi transferido da
prisão em Nottingham para um centro de detenção em Londres, onde passou a
ocupar um cargo de confiança. Após ser entrevistado pelo diretor da prisão
londrina, ele foi escolhido para trabalhar na recepção dos presos que chegam ao
centro de detenção. “Eu falo quatro idiomas, então ajudo na tradução
quando chega algum prisioneiro que não fala inglês. Também sou responsável,
junto com mais três colegas internos, por orientar os novos detentos sobre o
funcionamento e a rotina do presídio”, conta Alexandre. “Enquanto todos os
demais presos estão trancados, eu e os outros três internos podemos andar
livremente pela prisão, sem acompanhamento de oficiais”, explica.
Trabalho reconhecido
Recentemente, ele teve o trabalho reconhecido e elogiado pelo diretor do
centro de detenção. “Ele me deu parabéns e agradeceu pelo trabalho que eu e
meus colegas estamos fazendo.” Segundo Alexandre, a posição privilegiada que
ocupa hoje é consequência da pessoa que ele é. “Não sou drogado e não sou
criminoso. Eu falo a todos que estou pagando por um crime que não cometi”,
revela, reiterando sua inocência.
“Aprendi que você pode estar no fundo do poço, na sarjeta, mas nunca
pode perder o seu respeito, a sua moral e a sua compostura. Eles podem ter
tirado tudo de mim – perdi minha casa, perdi meu trabalho, perdi tudo, mas a
minha compostura, o meu caráter e a minha honra eles não tiram de mim”, ensina.
Para Alexandre, o cargo de confiança que assumiu, e que reflete seu
comportamento exemplar, não irá lhe tirar da prisão, mas certamente vai ajudar
caso ele consiga obter a apelação na Corte britânica visando limpar seu nome.
“Para um futuro apelo tudo isso vai pesar, porque o juiz verá como foi a minha
conduta na cadeia”, observou. Além de trabalhar, o porto-segurense também está
fazendo um curso, o que acaba lhe ocupando o restante do tempo na prisão.
Proximidade dos amigos
A transferência para o centro de detenção na capital britânica permitiu
que o porto-segurense ficasse mais perto da prima, dos amigos e também do
auxiliar consular do Brasil na Inglaterra, Vanilson Pereira, que tem sido
incansável em prestar apoio do Itamaraty desde que o brasileiro foi condenado.
Advogado analisa o caso
Enquanto Alexandre ocupa seu tempo trabalhando e estudando, o caso dele
está sendo analisado por um advogado em Londres, que busca uma forma de
conseguir uma apelação. “Estou com fé que esse advogado vai conseguir alguma
coisa”, afirma Alexandre, ressaltando que, para ele, não basta ser libertado –
ele quer provar sua inocência e limpar seu nome.
No Brasil, depois de ter obtido apoio de um grande número de
parlamentares no Congresso Nacional, a família de Alexandre recebeu, na última
semana, uma carta do Gabinete Pessoal da presidente Dilma Rousseff informando
que o caso foi encaminhado à Assessoria Especial de Política Externa para
eventuais providências.
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pense em sua responsabilidade
e compromisso
com a NATUREZA.
Querido Alex,
ResponderExcluircomo vai? Nossa eu estou cada vez mais pasma com tudo, sobre o descaso da Justica inglesa. Mas Deus é maior em sua vida e a justica será feita. Um grande beijo e um abraco de sua amiga que mesmo distante e sem contato nunca te esquece. Fátima